Tipos humanos da Consolação ao Paraíso

Vitor Correia
15 min readAug 22, 2023

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Publicado em 10 de julho de 2018

Por Mirella Agnes, Sabrina Andrade, Susana Terao e Vitor Correia, alunos do 1º JO D

Entre o trânsito e a correria da avenida mais famosa do Brasil, tipos humanos destacam-se em sua originalidade performática e artística. Percorremos toda a Avenida Paulista, em São Paulo — do bairro do Paraíso, onde ela começa, à Rua da Consolação, onde termina — , e nos deparamos com várias personalidades impactantes no meio da selva de pedra repressora. Começando pela Consolação em direção ao Paraíso, contando com suas histórias de conflito e superações, além da relação com a cidade e a recepção do público.

Foto: Vitor Correia

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A alma tímida de Jacson Santos

Foto: Vitor Correia

Performando atrás do Conjunto Nacional está “Jacson do Banjo”, como o apelidamos antes de conhecê-lo. Na realidade, o músico se apresenta em vários pontos da Paulista e, neste caso, nos encontramos na frente do edifício 900 onde conversamos e descobrimos quem é Jacson Santos.

O homem caucasiano, de 32 anos, nascido em Jaguaruna (segundo ele, a terra das Praias e das Melancias), no Estado de Santa Catarina, apresentava um olhar cansado, que foi justificado por uma noite sem sono. O instrumentista possui um visual grunge com piercings e brincos, dedos cobertos por anéis, os cabelos presos por uma piranha e um chapéu preto estilo panamá.

Foto: Vitor Correia

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Jacson originalmente tocava violão, mas notou que com esse instrumento seria mais um no mar de músicos da Avenida e, por isso, o banjo se tornou seu novo companheiro musical. Em seu repertório, busca músicas que mostrem um trabalho maior no instrumento, mas sempre voltadas para o rock n’ roll com uma pegada country. Ele veio para São Paulo em busca de oportunidades que sua cidade no interior não oferecia, deixando para trás sua base familiar. Em Jaguaruna, a vida artística se restringia a tocar em bares e pubs. É por isso que, quando surgiu a oportunidade de vir para cá para fazer a trilha sonora de um curta-metragem independente, ele não pensou duas vezes. Porém, houve um desencontro e ele foi substituído por outro artista que já havia trabalhado para novelas da Globo; com isso, o banjoísta passou a seguir seu caminho sozinho.

Estando na Paulista há quase dois anos e tocando o instrumento há alguns meses, Jacson possui uma experiência mútua de conhecimento com o local e o novo som. Ele contou que o contato que tem na rua lhe trouxe algumas situações inusitadas que contribuíram para sua adaptação ao meio. Percebeu, inclusive, que se tocasse à noite, quando as pessoas estão um pouco desaceleradas porque já saíram de seus trabalhos, conseguiria maior atenção das mesmas.

Relatou também, um caso muito desagradável para ele. Enquanto tocava em frente ao Shopping Cidade São Paulo, um motorista com a alma amargurada, passou por cima do estojo de seu banjo mesmo percebendo sua presença ali, além de não parar para ajudá-lo. “Eu sou um cara muito da paz, mas não sou otário. Reclamei e xinguei”.

Em contrapartida, alguns acontecimentos preenchem o coração do nosso músico de maneira positiva. Certa vez, em uma apresentação, avistou uma senhora aparentando ter muita idade, pois estava sendo carregada por duas mulheres. Isso não a impediu, porém, de se aproximar de Jacson, com muito esforço, jogar-lhe dinheiro com as mãos trêmulas, e o mais impressionante, ela foi capaz de dançar, mandar beijos e piscar para ele. “Mais do que dinheiro, o que importa é a reação do público. Estou tocando na rua também para proporcionar algo de bom para as pessoas”. Isso resgatou para ele mais uma experiência tocante: o relacionamento com moradores de rua. Estes, que são muito afetuosos com o solista, sempre o aplaudem e às vezes até dão dinheiro para contribuir com sua arte. Parecem valorizá-lo mais do que os apressados passantes diários da Paulista.

De tarde, quando não está tocando na Avenida, Jacson faz a base de som de artistas circenses no metrô. Contou-nos que acaba recebendo mais atenção nesse cenário pois “as pessoas são obrigadas a ficarem sentadas e ouvir” — disse-nos, brincalhão. Segundo ele, o público costuma aplaudir bastante e é muito difícil alguém reclamar e pedir para que a apresentação se encerre.

Após a entrevista, caminhamos com nosso novo amigo (como ele nos chamou, simpático) até o Conjunto Nacional para filmarmos um pouco de sua apresentação com o banjo, após o mesmo sugerir que o som ficaria melhor lá, sem um barulho tão excessivo. No trajeto, o banjoísta nos contou que o motivo de sua insônia que resultou em tamanho cansaço, foi a ansiedade ocasionada pela “Grande São Paulo”. Quando vai visitar seus familiares, em Jaguaruna, entra em um estado de espírito tranquilo e percebe que dorme com mais facilidade e frequência.

Foto: Vitor Correia

Ainda caminhando, nos disse algo que não imaginávamos dado a sua aparência confiante e seu ofício performático: timidez. Jacson já teve muitas dificuldades no meio artístico por não se destacar por sua extroversão e ser considerado arrogante por não conversar ou olhar nos olhos de terceiros fora de palco. A Paulista ajuda nisso já que não precisa interagir tanto com o público.

Jacson tem um CD autoral “Rosa Negra”, que produziu em 2013, o qual compramos na finalização de nossa conversa. Carinhosamente, ele fez uma dedicatória para nós.

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Do Nordeste para o mundo: Chocolatito do Forró

Foto: Vitor Correia

Em frente ao Banco Central do Brasil encontramos um trio muito especial de senhores. Milton, Cícero e Amaro, os integrantes do Chocolatito do Forró que tocam a típica música nordestina do forró pé de serra e, alegremente, nos concederam uma entrevista. Os três possuem uma espécie de figurino padronizado que, segundo eles, fica “mais chique” dependendo do local da apresentação, variando então de camisetas estampadas a camisas sociais da mesma cor.

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A primeira coisa que perguntamos, certamente, era o porquê do nome Chocolatito, o que Milton, o sanfoneiro e líder do grupo nos respondeu; ele e Cícero, junto a uma antiga banda, estavam tocando em um evento promovido pela rádio Jaguarão em Assunção, no Paraguai, quando as mulheres da plateia começaram a gritar “Chocolatito! Chocolatito!”, Milton não entendeu, a princípio, por que elas o chamavam daquela forma, contudo, percebeu depois ser devido ao seu tom de pele, já que ele era o único negro no local.

Foto: Vitor Correia

Por ser algo diferenciado e, nas palavras dele “internacional”, decidiu que este seria seu nome artístico e mais tarde o da trupe. Ainda em Assunção, disse que tiveram uma ótima recepção e quando em uma apresentação Cícero não pôde comparecer, os paraguaios gritavam: “Cadê o chapeuzinho de couro?!”

Milton é de Sabinópolis, Minas Gerais, Cícero é de Cupira — a terra que o filho chora e a mãe não vê — e Amaro, de Recife, ambas cidades de Pernambuco. Após virem para São Paulo, se tornaram vizinhos, assim sempre acabavam se encontrando e então combinaram de formar a banda, pois o trio admirava o trabalho artístico solo de cada integrante. Assim, completam 30 anos em 2018.

Foto: Vitor Correia

Nosso sanfoneiro está na cidade há 50 anos, trabalhou na construção civil antes de se dedicar à música, se casou com Patrocina e tem seis filhos, dos quais tem muito orgulho; ele já participou do TV Mulher e do programa “Viola minha Viola”. Enquanto nos contava sua história, Milton tocava a sanfona no fim de cada sentença como se estivesse dando entonação ao que dizia.

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Cícero já está aqui há 48 anos, veio com a namorada aos 17, e se casou um ano depois. Toca triângulo, sempre nas festas juninas de Caruaru, e até fez um dueto com Luiz Gonzaga. Ele contou que certa vez até mesmo o confundiram com o rei do Baião. Sendo o mais brincalhão do trio, debochava de seus companheiros, principalmente quando o assunto era a vida amorosa de Amaro.

Foto: Vitor Correia

Amaro, o mais tímido, disse que veio há 41 anos, após a morte dos pais, já tocou em outras bandas, uma delas com o irmão, mas se separaram porque este era muito controlador. No Chocolatito, é o zabumbeiro e sabe tocar bateria desde os 13. Graças ao Cícero descobrimos que ele já foi casado cinco vezes e atualmente está solteiro, aparentemente culpa do ciúme de suas cônjuges.

Foto: Vitor Correia

Além do trio principal, o Chocolatito possui um integrante extra, Francisco,nascido em Orós, Ceará, que chegou durante nossa entrevista. Ele funciona como um “estepe” do grupo e reveza os instrumentos com os outros integrantes, principalmente Milton e Amaro.

Tocando na Paulista há 2 anos, o grupo conta que a recepção é sempre muito calorosa, adoram as pessoas e a segurança da Avenida. Relataram que por ali passam muitos nordestinos, sempre os convidando para se apresentarem em seus casamentos. “Eu espero que quando vocês forem casar me chamem pra tocar no casamento de vocês”, Cícero brinca. Se apresentam em outros lugares também, entre seus favoritos está a rua Henrique Schaumann.

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Quando perguntamos sobre a longevidade de sua música, Milton respondeu: “Todo mundo gosta de música e não tem nenhuma que derrube o pé de serra, e é através de vocês, jovens, que a nossa música nunca vai acabar”.

A melancolia de Aliane Sousa

Foto: Vitor Correia

Passando pela calçada em frente ao Shopping Cidade São Paulo, deparamo-nos com algo inesperado: uma apresentação de ópera em meio às buzinas e motores de veículos. É Aliane Sousa que performa com emoção e muito fôlego.

Foto: Vitor Correia

Cantora desde os 15 anos, recorreu a cursos profissionalizantes que a capacitaram para seguir com sua carreira de forma promissora. E agora com 29, conta que está feliz com suas conquistas mas, ambiciosa, almeja patamares maiores.

A vida atual da artista é marcada por uma luta constante em equilibrar a sanidade mental em meio ao caos da cidade. Ela procura administrar sua vida pessoal, a filha pequena e a questão financeira da maneira mais leve possível. “Busco por tranquilidade, paz, compaixão e harmonia”, confessa. Quer se manter saudável em todos os aspectos: físico, emocional, espiritual e mental.

A solista estava extremamente resistente no início da entrevista, permanecendo em silêncio durante o primeiro contato, mas, ao longo desta foi se soltando e expondo um pouco mais dos bastidores de sua vida. Ela contou que tal resistência existe pelo fato de já ter feito diversas outras entrevistas, mas não obteve retorno financeiro algum. Como está se apresentando na rua, fica vulnerável para abordagens sem fim e Aliane se preocupa em não ter total controle do que vai ser publicado sobre ela nas mídias; há inúmeros casos de pessoas que a filmaram e não mandaram o resultado final, logo, ela não soube para onde sua imagem foi e como seria utilizada.

Foto: Vitor Correia

Ela também confessou que estava um pouco incomodada por conceder a entrevista durante sua pausa. Este período em silêncio é quase um momento sagrado para a artista, pois é nele que consegue poupar sua voz, seu instrumento de trabalho e “ganha-pão”.

Vir à Paulista não foi um sonho reluzente que se concretizou. Aliane apenas descobriu a Avenida quando se mudou para São Paulo há 8 meses. Ela se surpreendeu que era possível cantar na rua, algo que nunca viu em Belém, sua terra natal, e se apaixonou por esse novo tipo de trabalho e pelo local onde se apresenta.

Segundo a performer, há um suporte artístico na região; muitos outros então, se aproveitam desta oportunidade para mostrarem seus talentos. “A Paulista é um movimento”, cantarola a carismática Aliane, aquecendo sua voz para a próxima apresentação. Da sua experiência de apresentações até então, ela comenta que adora performar à noite; há todo um clima das luzes acesas que ajuda a dar maior dramaticidade enquanto exibe sua arte.

Tanto cantar na rua como viver em São Paulo tem sido um mar de descobertas para a cantora, que ainda está se acostumando com sua nova rotina. Nos conta que, assim como as entrevistas, já recebeu diversas propostas para fazer shows, mas estas não tiveram frutos. A selva de pedra proporciona realizações de sonhos, mas também manifesta muito conflito e disputa. Dentro disso, Aliane tenta ao máximo não reclamar das circunstâncias caóticas que a Paulista impõe ao seu canto já que isto foi uma escolha. Performar não é apenas um trabalho, mas sim tirar um tempo para que ela se encontre e coloque a cabeça no lugar.

Ao final da entrevista, enquanto gravávamos o vídeo abaixo, um senhor se aproximou emocionado e ofereceu dez reais à Aliane, dizendo ainda que “Isso não é nem 10 por cento do que você merece” ao se despedir.

As reflexões de João Sobral

Foto: Vitor Correia

Sentado em uma mureta depois da loja de departamento Renner e acompanhado de uma vassoura, está João Sobral. A Vassonora, como ele mesmo a intitulou, traz um diferencial enorme no quesito de chamar a atenção dos passantes; ninguém está realmente acostumado a ver tal aparato de limpeza como um instrumento musical.

Foto: Vitor Correia

João tem 36 anos e toca violão desde os 15; certo dia, enquanto fazia faxina na casa escutando música, começou a dançar com a vassoura que usava para varrer. Então, teve a brilhante ideia de transformá-la em um instrumento de cordas. Com a ajuda de um amigo, dono de um estúdio e que consertava violões, conseguiu tornar isso viável e a Vassonora nasceu. A mesma é composta por um sistema elétrico interno, três cordas de violoncelo e violão, um microfone de contato em sua base junto a um pedal de efeito que muda o timbre do som; e para fazer a fricção dessas cordas, ele utiliza um arco.

Foto: Vitor Correia

O músico tem uma grande conexão com sua companheira musical, a considera uma entidade e declarou que, se esta fosse uma pessoa, provavelmente ele casaria com ela.

Até então, trabalhava como roadie (profissional que auxilia, a partir do backstage, bandas em turnê), porém, contou que as condições de tal emprego não eram dignas (tanto financeiramente quanto emocionalmente). Começou a tocar na Paulista por conta de uma epifania após sua habitual aula de yoga, nos arredores da Bela Vista. O músico disse que está muito satisfeito com o novo local de trabalho, “pra mim, tocar na rua é natural, eu tô em casa”. Reflete que é como uma necessidade física performar nas ruas.

Prefere que seu som não seja para multidões, assim cria laços com os passantes. Sobral é esse tipo de pessoa risonha e extremamente comunicativa, enquanto o entrevistávamos, ele parava para cumprimentar diversos indivíduos. Divertido, João brincou conosco que dado ao frio do dia da entrevista, deveríamos ter levado um vinho para tomarmos juntos.

“Ao tocar na rua viro amigo de todo mundo: da polícia, dos traficantes e das putas”. O artista se considera uma esponja que absorve a energia de quem passa; já aconteceu, inclusive, de abraçar um morador de rua que, por estar tão carregado negativamente, fez com que Sobral desmaiasse. Apesar da cumplicidade e irmandade que a Paulista cria para o músico, há dificuldades. João relata que, durante uma de suas performances, foi alvo de uma inconveniência: um morador de rua arremessou uma lixeira em sua direção, que só não o atingiu porque este desviou. Além disso, certa vez, foi assaltado por uma travesti, que pegou o seu dinheiro do dia. Quando perguntado se há dificuldades durante as manifestações, desconversa e afirma que geralmente espera que estas se encerrem para voltar a tocar.

Foto: Vitor Correia

A Vassonora já é reconhecida pela televisão brasileira, uma vez que João já se apresentou no Programa do Ratinho, Programa da Sabrina Sato e no Legendários. Ambicioso, sua próxima meta ousada, é participar do Domingão do Faustão.

João Sobral quer ir ainda mais longe, pensa em ter fama mundial, inclusive, vem se preparando para fazer uma viagem à Tailândia. Para isso, tem feito aulas de inglês e vendido os banjos turcos que ganhou de um amigo. Além disso, passou a se apresentar em festivais de outros estados, como em Santa Catarina para render um dinheiro extra.

Albino: um dançarino de mão cheia

Foto: Vitor Correia

Nossa caminhada prossegue até o Top Center, onde alegremente dança Albino em movimentos que parecem ser aleatórios e desconexos com a música que toca para quem passa sem um olhar atento. Dentro de seus 76 anos de idade, 45 são dedicados à dança de salão.

Albino chama atenção não apenas por sua dança, mas por sua aparência. Seu figurino é composto por um chapéu colorido com lantejoulas e camisa com estampas floridas em cores vibrantes, tudo muito extravagante. “Compro o tecido na 25 de março e dou para a costureira. Nunca iria achar essas camisas em lojas comuns”, ele nos conta. Para compor sua trilha sonora, ele carrega um “radinho” à pilha no pescoço, que abastece com seus sons favoritos.

Foto: Vitor Correia

Antigamente se apresentava em uma galeria no Alto do Ipiranga onde possui residência própria, contudo, há 15 meses, transferiu seu local de trabalho para a Avenida Paulista, seguindo o conselho de um amigo para conseguir mais público. Com muita vergonha, o senhor começou sua jornada e foi se aprimorando até chegar em passos mais soltos que compõem sua performance atualmente.

Sua falecida esposa era o contrário de Albino, detestava dançar, mas sempre o incentivava a prosseguir com o aprendizado da dança. Ele relata que apanhou muito até aprender efetivamente a dançar, mas que hoje consegue até dar aulas. Sabe dançar samba rock, forró e dança de salão. “Me garanto”, diz Albino, risonho.

Foto: Vitor Correia

Aposentado após longos anos trabalhando em um açougue, ele descansa durante o dia para tomar seu rumo às 17h e dançar em frente ao shopping de 18h até as 20h. A recepção do público varia bastante, composta por olhares curiosos, caras feias e risos. Afrontoso, Albino reage aos mais rabugentos contando que ninguém é obrigado a gostar, mas deve respeitar seu trabalho.

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Há riscos, porém, para a sua estrutura óssea que está muito frágil, afinal é de um senhor de 76 anos. Enquanto Albino dançava para uma gravação do Programa do Geraldo, torceu o pé e precisou ficar um tempo em repouso para se recuperar. Isso não o impediu, contudo, de continuar dançando ainda mais e com o mesmo bom humor nos dias seguintes.

Muito sociável, distribui alegria para quem passa por ele. Mesmo quando há um outro grupo de artistas tocando em frente ao seu ponto habitual, não reclama. Apenas desliga seu som e sincroniza seus passos com o que está sendo tocado. O que ninguém imagina é que, mesmo com toda essa simpatia, Albino possui um rival que não é performer. É um outro senhor, que diariamente vai em frente ao Top Center caluniar o dançarino e reclamar de sua apresentação. Albino conta que já bateu de frente com o sujeito, ameaçando chamar a polícia caso ele não o deixasse concluir sua apresentação. Seu rival aparenta ser seu maior fã pois já chegou a ir três vezes em um mesmo dia ao local para reclamar de sua dança.

Conflitos à parte, Albino nega algum ritual antes de suas apresentações, já que é sempre muito confiante, entretanto, no meio da entrevista, ele levanta a cabeça e olha para o céu, parece seu momento de oração.

O artista é cheio de surpresas, além de se apresentar na Paulista e ter um rival, no Natal, é um Papai Noel. Há 2 anos ele se ocupa de ir em escolas do Estado e condomínios para interagir com as crianças. Diz que faz o maior sucesso e garante, em suas palavras, que é capaz de comprar o peru da ceia com esse trabalho adicional.

Foto: Vitor Correia

Ecom essas personalidades, por vezes incompreendidas, mas com tantas histórias emocionantes, podemos dizer que São Paulo se torna mais rica, afinal são as pessoas que formam o que é a cidade. Depois de toda essa trajetória, fica clara a quantidade de talentos escondidos em apenas uma avenida, sem falar daqueles que não estão presentes neste texto. Caminhar pela Paulista significa estar atento aos sons dos tipos humanos que ali se manifestam.

Texto realizado para a disciplina de Laboratório de Jornalismo lecionada pelo Professor Celso Unzelte

Por: Mirella Agnes, Sabrina Andrade, Susana Terao e Vitor Correia

Fotos: Vitor Correia

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