Representatividade, apropriações e retomada: Como as artes plásticas indígena procuram resgatar o protagonismo de povos originários
Artistas mulheres em processo de retomada refletem sobre a a arte contemporânea e seu papel político e social
Descrito por Kaká Werá Jecupé em seu livro “A terra dos mil povos” (2020), a descoberta e o desenvolvimento da agricultura pelos povos indígenas foi um ponto decisivo em sua história. Não só ela dava o poder de controle e fornecimento de alimentos, mas também trouxe o cultivo de corantes e plantas medicinais, por exemplo.
Com isso, o originário obteve conhecimento de tintas que passaram a ser usadas em seus corpos, por meio do grafismo e, posteriormente, na cerâmica. Com o ato de cozer a argila no fogo, indígenas puderam criar recipientes para conservar seus alimentos e até realizar esculturas. Não se sabe exatamente quando tudo isso começou, mas há registros de vasos de cerâmicas encontrados no Pará de aproximadamente 4 a 5 mil anos, considerada um dos artefatos mais antigos das Américas.
A arte indígena, principalmente antes da colonização, não se enquadrava necessariamente nos padrões de artes plásticas que existem hoje em dia, fortemente influenciados pelas tendências europeias. Quadros com tinta a óleo, esculturas de mármore e grandes colunas de gesso não estavam no repertório dos artistas originários.
Kássia Borges(@kassiaborgess) é professora de artes na Universidade Federal de Uberlândia, originalmente da Universidade Federal do Amazonas, mas transferida para Minas Gerais. De 59 anos e do povo Karajá, a professora acredita que o conceito de arte é predominantemente branco. “O indígena sempre fez objetos artísticos, para ele porque não existe essa palavra. Não existe “arte”, porque tudo é arte para o indígena. Então não existe essa divisão, essa diferença é um conceito de branco europeu”, disserta.
“Os indígenas fazem arte, mas eles não tinham esse conceito de arte que é essa arte de branco, né? Europeia. Hoje, em 2021, eu acho que a gente tem uma boa inserção nos museus e nas galerias”. Kássia prossegue afirmando que percebeu um grande aumento na presença de indígenas em ambientes artísticos desde o ano passado. “Os indígenas passaram a sair para a cidade e começaram a estudar a arte, pensar nela e fazer parte de um traçado, principalmente dos brancos. Passamos a questionar os brancos e esse movimento histórico indígena que vivemos. Com a PEC 490, por exemplo. A gente começa a perceber esse mundo e começamos a nos inserir nele, já que o branco causou todo esse estrago”, conclui.
“Mas existem outras formas de se comunicar também além da cerâmica, da pintura corporal e adornos de pena. Temos ainda maiores formas de linguagem como a pintura, a fotografia. Temos muitos indígenas fazendo cinema, documentários e vídeos”.
“Meu nome é Kawany Tamoyos(@vulgokakaw), sou conhecida no cenário artístico com Kakaw, tenho 24 anos, sou mineira, de Belo Horizonte, mas cresci em São Paulo. Tenho ascendência indígena por parte de mãe e pai. Pela parte materna nós não sabemos qual é a sua etnia devido ao apagamento, já por parte paterna tenho origem Maxacali. Eu não me auto declaro como nenhuma etnia por enquanto, pois estou em processo de retomada e de resgate dessa origem. Sou artista urbana e também sou designer. Produzo telas, imagens digitais e, principalmente, muralismo e grafismo”.
Kawany está ligada à arte desde muito nova, mas começou a focar profissionalmente na área por meados de 2015, quando entrou em contato com o grafite. “Eu fazia curso desde nova, tive aulas de arte digital e webdesign. Então cursei Design Gráfico. Mas algumas habilidades específicas tiveram que ser autodidatas, porque não existe curto de grafite, é sempre uma oficina de stencil para quem quer aprender a usar o spray. Minhas técnicas vieram tanto academicamente quanto por aprendizados sozinha”, conta.
Seus primeiros anos profissionais foram difíceis. Começou a frequentar feiras de arte independente pela cidade e levava seu trabalho para expor e vender. “Uns quadros, algumas camisetas. Foi a primeira maneira de me divulgar. Depois fui entendendo que o melhor método de divulgação é estar na rua, é colocar meu trabalho para as pessoas conhecerem, funcionou muito”. Com o tempo, foi expandindo seus métodos para o meio digital. Hoje em dia possui um site, um perfil no Instagram e no Facebook. Mas a artista destaca que as experiências presenciais são intrínsecas para novatos conhecerem o cenário e encontrarem outros artistas.
“Eu sou Helena Joaquina Zengoa Puri (, sou originária do povo Puri que é um povo que pertence aos quatro estados do sudeste brasileiro. Tenho 23 anos e atualmente moro em Viçosa, na zona da mata de Minas Gerais. Estudo Geografia na Universidade Federal de Viçosa (UFV)”.
Mais conhecida como Joaquina, a artista sempre desenhou desde criança. Mas, passou a enxergar a arte como um caminho profissional após ingressar na Universidade em 2016. Foi uma das maneiras que encontrou de se manter financeiramente.
“Assumir esse caráter mais profissional na arte é entrar em contato com um meio muito marginalizado. Eu não frequento museus, nunca tive a oportunidade de frequentar e fazer parte dessa arte mais elitizada”, complementa Joaquina.
A artista nunca obteve um contato direto com a arte de forma acadêmica. Estudante de escola pública em uma cidade do interior próxima ao Vale do Rio Doce, ela aponta a falta de estrutura e de professores focados no campo artístico. Já na universidade, Joaquina ingressou como estudante de biologia e acabou trocando para geografia, nenhuma das áreas entrava em contato com a arte. Todas as técnicas que obteve foram sozinha. “Foi tudo de forma autodidata mesmo, vou vendo, testando, vendo o que dá certo e o que não dá. Fui encontrando formas de fazer conforme foi me agradando. Mas até eu encontrar minha técnica foi erro atrás de erro”.
“Eu não sou uma conhecedora de arte, sou apenas uma “fazedora”. O mundo da arte em que pertenço é marginalizado, periférico e rural. Eu me identifico com uma arte indígena independente, contemporânea que, na minha perspectiva, tem uma relação com o futurismo”.
“Eu sou Adriane Kariú Oliveira, moro no Distrito Federal, nasci no Gama, é uma região administrativa no Distrito Federal. Mas a minha família é do Ceará. Eles mudaram para cá na época da construção da cidade. Sou do povo Kariú Cariri por parte de mãe e por parte de pai eu ainda não sei. Meu avô ainda é vivo, mas é muito difícil dele falar sobre o passado dele, então ainda não consegui traçar exatamente qual seria o povo”.
A arte sempre esteve muito presente na vida de Adriane. Fruto de uma família de artesãos, a expressão artística foi incentivada desde pequena dentro de casa. “Eu era muito tímida, tinha muita dificuldade de socializar, então passava muito tempo imersa desenhando”.
Com graduação em arte e design de moda, a artista também é tatuadora desde 2017. “Eu aprendi com um amigo meu que é tatuador, fui aprendiz no estúdio dele. Não consegui ficar muito tempo aprendendo porque estava também fazendo faculdade e tinha minha filha para cuidar, então não tinha muita disponibilidade. Logo depois desses 3 meses que fiquei lá, como o estúdio dele era muito pequeno e não dava para tatuar lá, eu acabei abrindo um ateliê e fui tatuando as pessoas”, relata.
Adriane é mãe de Olga, de 6 anos. Ela conta que a tatuagem apareceu em sua vida como uma forma de sustento e de divulgação de seu trabalho como artista plástica. “Ter virado tatuadora foi uma porta de entrada para mais pessoas conhecerem meu trabalho. Eu não tinha a mesma visibilidade antes de ser tatuadora. Na verdade, eu nunca tive desejo de ser tatuadora, eu acabei virando por necessidade. Eu engravidei, tive minha filha pra criar e não dava para ficar no meu trabalho de ilustradora freelancer, vendendo obra uma vez ou outra porque eu não tinha dinheiro garantido. Com a tatuagem eu ainda tenho dificuldades mas é bem menos, nem se compara. Então, a partir da tatuagem, fui trilhando um caminho em que as pessoas foram se interessando pelo meu trabalho como artista, não só como tatuadora”.
existe representatividade nas artes plásticas contemporânea?
A presença de nativos nas artes tem como papel redesenhar a história, se colocando na posição de protagonista. Devido ao apagamento da história do Brasil originário, que veio junto da colonização do país, indígenas acabaram perdendo o direito de contarem sua própria narrativa. Kássia Borges descreve: “A gente nunca disse quem nós somos. Os brancos falavam quem a gente era. Quando vemos indígenas escrevendo livros, por exemplo, vemos que os indígenas estão começando a contar sua própria história”.
“A história sempre é contada pelos vencedores e, quem havia vencido eram os colonizadores. Agora é a hora da gente contar nossa versão. E a história do indígena está entrelaçada com a história do Brasil”, prossegue a professora.
Para Adrianne, não falta representatividade na arte, mas sente que artistas indígenas recebem um tratamento completamente diferente dos não indígenas. A kariú acredita que houve um crescimento notável de interesse pela arte contemporânea de povos originários. Mas, em relação à tatuagem, é algo diferente. “De certa forma, a tatuagem é bem tradicional. Ela é um processo, uma técnica que foi desenvolvida muito antes de eu nascer. Foi feita por povos originários aqui no Brasil, acredito que tenha ouvido falar de um povo que realiza suas artes corporais com perfuração de pele. A gente tem exemplos de muitas culturas nativas onde a tatuagem é presente por todo o mundo. Acho que de modo geral, a tatuagem seja bem ancestral mesmo”, disserta a artista.
Em contrapartida, Joaquina não se sente representada pelo cenário artístico atual. “Eu sinto que a arte ainda é um espaço muito pouco preenchido. Às vezes surgem alguns nomes, as pessoas reconhecem seu potencial, o trabalho artístico daquela pessoa e, ao invés de entender essa questão da identidade, de que se esse artista apresenta um trabalho tão bom, outros indígenas ou pessoas do mesmo grupo também podem realizar algo tão bom quanto. Surgem pessoas que trazem representatividade, há um foco muito grande nela e aí essa pessoa se torna muito distante das outras. Acho que isso acontece principalmente com o Denilson Baniwa, por exemplo”, aponta.
A estudante acredita que o espaço artístico acaba se limitando a uma figura singular ao invés de enxergar a pluralidade de vozes e trabalhos originários que poderiam trazer outras perspectivas. Ela nota que existe um grande foco na figura do indígena aldeado. “Isso faz com que a gente não consiga alcançar essa grande parcela da população brasileira que se identifica como parda, que às vezes é categorizada como negra mas na verdade tem origem indígena. Acho que a arte indígena para um sujeito nessa condição tem um impacto forte, mas acho que ela não consegue atingir especificidades que nós temos, porque são realidades diferentes. Então acho que falta isso, faltam indígenas em retomada. A arte não pode ser apenas bonita para os olhos, ela precisa ter um sentido social, uma funcionalidade. São boas as pessoas que estão com os holofotes mas ainda acho que não é o suficiente, principalmente comparado a quantidade de pessoas que estão em destaque de origem europeia”.
Kawany não só crê que falta diversidade no campo artístico, mas também existem muitos não indígenas ocupando esse espaço e se apropriando de uma arte e cultura que não lhe pertence. “Sinto que estamos bem distantes de representatividade na arte. Às vezes parece que está dando tudo certo, pontualmente nós vemos alguma coisa, como uma exposição de arte indígena ou uma convidada de algum evento que é indígena, por exemplo. Mas são coisas muito pontuais e segregadas, na minha opinião. Ou são espaços apenas para pessoas indígenas ou é uma cota, de 30 artistas 1 é indígena. Acredito que estamos bem distantes ainda e, para piorar, temos muita apropriação cultural. Vemos muita gente branca, gente que não tem nada a ver com a cultura indígena fazendo essas representações. Aí tem gente que fica achando lindo, pensando que tem alguém nos representando e não é, é um movimento bastante colonial, uma pessoa branca novamente nos representando”.
[ÁUDIO: “Eu sou bastante negativa em relação à apropriação cultural, é uma coisa que a gente pouco conversa sobre, fica muito restrito ao movimento negro, falando de moda. E acabamos fugindo dessa conversa sobre a representação indígena feita por pessoas não indígenas. Acontece muito, o tempo inteiro. Uma coisa que eu falo é que as apropriações são sempre muito bonitas, são sempre muito bem feitas, inclusive os próprios indígenas gostam, eles acham bonito e aí você vai olhar e é uma pessoa branca que misturou um monte de coisa que ele achou na internet, não envolveu nenhuma pessoa indígena no processo e aí ele se coloca nessa posição de alguém que está homenageando, fortalecendo e se inspirando.
E eu não aguento, mando mensagem para a pessoa questionando o motivo de fazer isso, perguntando que pessoa indígena estava envolvida no trabalho, e eles sempre me colocam no lugar de que estou sendo uma grande babaca, que estou sendo agressiva.
Isso são apenas pessoas brancas novamente pegando o que não é delas, de um grupo de pessoas que está sendo apagado, que está sofrendo etnocídio e ainda a pessoa está lucrando em cima disso e se dizendo aliada”]
“Essas representações são sempre muito românticas, muito bonitas, me dá uma sensação de que os indígenas nem existem mais, é uma representação quase mitológica, folclórica, distante”, acrescenta a artista urbana.
Nas aulas sobre arte contemporânea que Kássia Borges dava na Universidade Federal do Amazonas, a professora presenciou inúmeros casos de apropriação cultural de alunos. Uma imagem, um quadro, um mural que ilustrava essa figura romântica do indígena aldeado. “Quando eu vejo esses índios estereotipados em pinturas e murais, eu até pergunto ‘de qual índio você tá falando’ e ele justifica com ‘não, professora, eu estou pintando a questão indígena’. Qual questão indígena? Ele coloca só um rosto sem nem saber a etnia. Vejo que ele colocou um brinco Karajá com um corte de cabelo do Xingu. Ele misturou. Ainda existem essas pessoas que reproduzem esse estereótipo do indígena na arte”, relata.
“Eu acho que está na moda. Essas apropriações e questões que o branco acha que conhece. Tem um monte de bicho-grilo que romantiza essa vida, essas pessoas, sem realmente saber o que é de verdade. Por isso eu tenho um pé atrás com essas pessoas que não conhecem. São cabelos diferentes, comidas diferentes. Os índios estão morrendo de fome, de desmatamento, estão sendo queimados. Essas pessoas estão achando que estão fazendo arte contemporânea, mas elas não estão. A arte contemporânea fala do cotidiano, do agora, do que está acontecendo”.
Essas representações românticas e idealizadas sobre a imagética do nativo acabou também interferindo nas expressões artísticas de Kawany no início de sua carreira. “Eu me representava de forma estereotipada, de uma maneira que não era legal. Então, conforme fui me entendendo e entendia as culturas indígenas no Brasil, passei a entender mais o meu trabalho. O processo de retomada é um processo difícil, porque viemos de um apagamento. Mas é, com certeza, o que me fortalece. As pessoas que eu encontrei nesse caminho e a maneira em que eu conseguia importar a minha identidade e a minha pesquisa para o meu trabalho, me fortaleceu muito e fortaleceu a minha arte”.
“No momento em que eu entendi que queria fazer arte foi junto com o momento que eu estava começando a entender a minha identidade e, ao mesmo tempo, descobrindo o movimento feminista. Foram 3 coisas que vieram no mesmo momento. Me entender como mulher, me entender como mulher indígena e me entender como artista urbana. Foi tudo ao mesmo tempo. Então, pra mim, não tem como desassociar a minha identidade e pensamento político da minha arte, tudo caminhou e evoluiu junto”.
O processo de exteriorizar sua identidade, vivências, memórias e reflexões para o trabalho de Adrianne, também foi doloroso, mas também virtuoso. “A tatuagem é algo mais ornamental, a forma de conceber uma tatuagem é diferente de uma obra de arte numa tela ou papel. Mas, o meu trabalho enquanto artista visual é essencialmente autobiográfico, porque eu coloco muitas experiências minhas como mulher, como mãe, como pessoa indígena em retomada. Sinto que tenho muita dificuldade às vezes de me expressar através de palavras ou verbalizar certas coisas minhas e eu acho que uma imagem consegue falar muito mais coisas do que um verbo, do que uma palavra. Meu trabalho é uma investigação da experiência de viver”. A artista finaliza: “Eu quero deixar uma memória, um legado”.
Para Joaquina, a arte deve atravessar e encontrar maneiras de comunicar pessoas, independente de idade, grupo social ou nível de escolarização. “A arte, pra mim, tem esse papel de facilitar a nossa expressão. Algo que procuro expressar e comunicar através do meu trabalho é esse processo de retomada, da nossa permanência nesse espaço que nos encontramos. Até porque muitas pessoas estão nesse processo e às vezes não se reconhecem por conta da imposição cultural europeia, pela fé cristã e por aí vai”.
[ÁUDIO: “Eu acho que todas as pessoas têm uma necessidade de se expressar de alguma forma. Todo mundo encontra uma forma de expressar o que está sentindo, o que está pensando. Seja um pensamento íntimo ou coletivo. Então, pra mim é uma questão íntima, coletiva, social, política. Para mim, a questão da identidade para esse contexto de expressão artística é um caminho muito eficaz, de conseguir expressar a maneira que eu enxergo a vida. Não só eu quanto as pessoas que estão num processo similar ao meu, como o meu povo. O meu povo está muito em um contexto urbano e rural, não temos terras demarcadas e homologadas, porque as cidades foram construídas em cima das nossas aldeias e de nosso território. O nosso território agora são as cidades, os nossos registros de ocupação estão aqui onde estamos. Não vim de uma aldeia para estudar na cidade, a sociedade convencional subiu e tomou o espaço de nossos territórios”.]
Kássia levanta a importância das imagens para o progresso da civilização: “A vida é feita de imagens. A história é contada por imagens e objetos. Nós sabemos que teve tal indígena em tal lugar por conta da cerâmica encontrada. A arte é importante porque ela não tem tempo, por mais que a gente esteja contando esse tempo, ela fica para a posterioridade. Nós contamos a história a partir do que vimos e encontramos. É muito importante. A inserção dos indígenas nesse momento nas exposições e nessas discussões são muito importantes”.
“Até hoje nós lembramos daquela performance do Airton Krenak em 1988 se pintando de preto. E isso nós vamos lembrar por muitos e muitos anos. Quando essa geração começar a enxergar essa arte que os indígenas estão fazendo para retratar o que estamos vivendo, também irão se lembrar de tudo isso. A pandemia, esse governo desastroso, isso não vai ser esquecido”.
Como um plano para o futuro, Kawany Tamoyos procura ultrapassar o território brasileiro: “Eu quero ocupar o máximo de espaços possíveis. Não como cota, quero fazer parte das coisas. Mas também não estou procurando a legitimação dessas pessoas, vai ser chutando a porta. Quero estar nos lugares, quero que as pessoas, cada vez mais, se sintam abraçadas e representadas pelo meu trabalho. Que ele ganhe a América Latina inteira, o mundo inteiro”.