Castelinho da Rua Apa: crime, mistério e conflito
Um dos edifícios históricos mais mal-assombrados do Brasil ainda tem muito para contar
Uma família abastada de São Paulo foi encontrada morta no dia 12 de maio de 1937 em sua própria casa, esquina da Avenida São João com a Rua Apa, conhecida popularmente como Castelinho da Rua Apa.
A família em questão era composta por Maria Cândida Guimarães dos Reis, de 73 anos, e seus dois filhos, Álvaro (45) e Armando (42). A causa da morte? Uma arma de fogo. O motivo? Ainda um mistério.
Atualmente essa história é carregada pelos estudos de Leda Kiehl, sobrinha-neta de Maria Cândida. Parentesco esse essencial para que investigasse o que realmente aconteceu naquela noite.
“Eu havia pesquisado bastante coisa por meu interesse e esse volume de informação resultou no livro. Eu acredito que ele é importante por abordar esses eventos históricos, e também por fazer uma análise sobre a ocorrência criminal”, pontuou ela referindo-se ao seu livro O Crime do Castelinho: Mitos e Verdades, lançado em novembro de 2015.
Seu trabalho também serviu para apontar controvérsias que surgiram durante as investigações do crime. Kiehl afirma que elas foram malconduzidas pela polícia técnica de São Paulo, apresentando muitas falhas e equívocos. “Enquanto a versão oficial da polícia apontava Álvaro como o homicida que atirou no irmão, na mãe e depois se suicidou, o IML afirmava que, se um dos irmãos fosse culpado pelos crimes, só poderia ter sido Armando”.
O Castelinho acabou como posse do governo e permaneceu abandonado por mais de 78 anos, sendo desgastado pelo tempo e maus cuidados, adquirindo uma aparência sinistra e, dado o seu passado misterioso e dramático, acabou por provocar fascinações, especulações e medo no imaginário coletivo paulista.
Isto originou uma série de histórias assombrosas, inclusive com relatos de aparições de espíritos. Muitos acreditam que a família assassinada continua no local que foi palco de tamanha violência.
Após anos de degradação, o Castelinho foi cedido à ONG Clube de Mães do Brasil em 1997 e, depois de uma longa restauração de R$ 2,8 milhões, ele foi reaberto em abril de 2017 e hoje funciona como sede da organização, onde é realizado o atendimento a pessoas em situação de rua.
Texto realizado para a disciplina de Mídia e Sociedade Contemporânea lecionada pelo professor Luís Mauro Sá Martino
Por: Sabrina de Morais e Vitor Correia